quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sem malas


Há uma imensa parada em cada viagem, interrompendo e modificando o tempo sem sair do lugar, apenas sentada. Em cada curva, em cada transeunte há um mundo de pensamentos, um riacho de emoções. Penso no vestido branco, branquíssimo, com bordados elegantes e uma simplicidade de rosas selvagens, que abrem-se abruptamente e em seguinda silenciosamente se fecham. Às vezes nem penso em nada, mas o nada preenche meus pensamentos com idéias, sonhos, medos e angústias guardadas para nunca, ou quase nunca, serem revistadas. Fecho os olhos e uma criança é familiar, e digo pra mim mesma: conheço aquele sorriso, aquele diastema... Ela brinca com as roupas da mãe, com os brincos e colares, compradas numa vida distante daquela, vira-se e vejo seu rosto, sei agora quem é. Acaricio, dou um sorriso confuso, tenho medo que o futuro nos engula. Abro os olhos, voltei para a estrada, agora vejo - e vejo - meninos que brincam no rio, para mim são pequenos, parecem seres robotizados, como a brevidade dos peixes, talvez seja a distância com que os vejo. Jogam água uns nos outros, riem e fazem desafios na água - quem é o melhor, quem é melhor?! - Nem sabem que o maior desafio é não ser mais criança. A velocidade do carro (ou da vida?) não me deixa ver mais, assim como uma pequena cena de um filme as imagens se vão, o rio fica e eu continuo. Melhor seria se o rio continuasse e eu apenas ficasse.

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